Monday, September 25, 2006

Caiu-me a alma em ti

Encolhe-se-me o coração de ver que aquelas pessoas a quem queremos tão bem, que gostamos tanto, que quase chamamos de amigos, não fosse isso demasiado lamechas, são às vezes capazes de virar as costas a tudo isto que, pensei eu, nos enchia a alma e nem ao menos olhar para trás. Eu, eu cheguei a pensar cá para mim em segredo que o poderia encaixar na pequena listinha de amigos que tenho. E depois silêncios e distâncias que não entendo. E depois nada. Talvez as amizades acabem ou se degradem aos pedacinhos por falta de manutenção. Nunca reparei que tinham prazo de validade, engraçado. Não quero ter que acreditar nisto. Que ainda acho que da minha listinha tenho aqueles a que gosto de chamar de 'amigos para sempre', 'amigos a sério' e 'amigos do coração', são 3 em 1 quase sempre. O mais provavel é que aqui nunca tenha existido, sei lá, amizade e eu tenha caido mais uma vez no erro de confundir as pessoas de quem gosto com as que gostam de mim. Com tanta gente no mundo a possibilidade de isto acontecer é enorme, não é? Por isso é que se torna especial. É normal que nos enganemos, digo eu, o nosso coração não tem olhos e ainda assim teima em ver coisas que, tantas vezes, não existem. Podia limitar-se a bombear sangue. Coração, artérias, arteriolas, capilares, vénulas, veias e de volta ao coração. Sem sentimentos à mistura. Cada vez que penso de volta vejo que a possibilidade de me ter enganado nisto aumenta drásticamente, até ser uma certeza absoluta e irrefutável capaz de contrariar a filosofia.

Hoje, não sei como nem porquê, caiu-me a alma em ti e eu não a consigo levanta-lo sozinha.

3 comments:

Sara M. said...

Eu por vezes acabo por rasgar as listas todas. São sempre os mesmos nomes...O meu nome, o dele. O dela, às vezes. Ou sempre.
Parece estranho fazer um comentário e falar de nós.
Mas foi isto que pensei quando li*E gostei.

Lúcia Isabel Ribeiro Sousa said...

Coração, artérias, arteriolas, capilares, vénulas, veias e de volta ao coração!

Agora lê isso com sotaque nortenho!

António, pois sim...

Beno said...

Simplesmente fenomenal este teu texto. Realista, acima de tudo, onde gritaste bem alto que gostas de gostar das pessoas.