Friday, September 21, 2007

Cesariny

A vida tem destas coisas, engraçadas. Num primeiro instante não havia nada. Até havia, mas pouca coisa, um nome, uma vaga ideia sobre um movimento. Depois uma curiosidade, a internet ajuda nestas coisas, e em menos que nada faz-se luz. Nome, mais ou menos, completo. Data de nascimento e de morte, infelizmente, tenha paz a sua alma. Lampejos da sua arte e poesia. A arte, pouco conheço. A poesia diz-me muito. Foi uma questão de minutos, nem me apercebi do que aconteceu até já ter acontecido. E assim um desconhecido tornou-se um dos meus favorito, talvez o meu poeta favorito. De nome Mario Cesariny, fez a poesia portuguesa um pouco mais rica. "A realidade, comovida, agradece." Eu também.

Monday, September 17, 2007

Há metafísica bastante em não pensar em nada

Na verdade é mais fácil pensar constantemente em alguma coisa, ocupar a mente. Pensar no cão ou no jantar de ontem, naquele programa de televisão, na família, nas coisas realmente importantes. Fazer perguntas a que não sabemos respostas. Enchemos a cabeça de conjunturas, uma reacção previamente planeada para cada hipotética situação. Constantemente a pensar em algo. Não pensar em nada é mais dificil. Uma mente qual folha branca. É complicado resistir à tentação de enchê-la de riscos, de frases, de coisas mais ou menos bonitas (depende do dia). Mas seria, sinceramente, a solução dos nossos males. Quem não pensa não enche, constantemente, a mente de problemas. Quem dá, sequer, um espaço à alma para respirar, uma pausa de todas as confusões há de ser alguém mais são. Alberto Caeiro, no meio daquela confusão esquisofrénica de Fernando Pessoa, é que tinha razão. Há metafísica (mais que) bastante em não pensar em nada.

Sunday, April 01, 2007

C'est Lui Que Mon Coeur A Choisi

De cada vez que paro e olho para trás, de cada vez que revivo todos aqueles momentos e aquelas pequenas emoções que em tempos me encheram o coração, parece-me menos. É, ironica a vida, que aquilo que nos parecia maior que o mundo não é nada, absolutamente nada, comparado com as felicidades que o simples passar dos dias nos trás. Hoje, mais que nunca, compreendo que é verdade que quando se acha aquela pessoa, a quem à falta de nome melhor chamamos apenas amor da nossa vida (quando deveriamos ter um mundo de palavras só para ela), o mundo pára. E tudo o que existiu para trás, tudo o que lhe era anterior, parece mais pequeno, menos importante. Não, não diminuo intencionalmente nada do que vivi. Que bem sei que todos aqueles momentos fizeram de mim quem sou hoje. E agradeço, claro, porque é esta pessoa que ele ama. Mas, tendo como comparação as alegrias de todo um amor, imenso e quase que de filme, como poderia eu ver bem maior? Depois de saber a felicidade que é, simplesmente, perder-me nos teus braços e ouvir da tua boca um amo-te quase que sussurrado, que outra coisa me pareceria melhor? E passear contigo de mão dada, ouvir o teu riso e saber-te feliz? Não meu amor, não conheci até hoje nada maior, nada melhor ou nada que me fizesse mais feliz que tu.

Tuesday, March 13, 2007

La vie en rose

É meu amor, pas si simple. Mas a verdade é que arranjaste uma namorada complicada. Complicada, à falta de palavra melhor. E mentirosa, que palavras a mim não me faltam. Complicada, egoísta e, acima de tudo, irracional. Mas como é que, por motivos que nem eu nem tu sabemos, faço tanta confusão? E como é que, com que direito, depois de toda a nossa conversa ainda sou egoísta ao ponto de pedir que tentemos? Irracional. E é claro meu amor que me sinto mal. Sinto-me mal por mim e mais ainda por ti, que agora também tu estás na tua cama tão mal quanto eu. E porquê, meu Deus, porquê? O pior é que não sei. Explica-me tu que eu já nem percebo. Irracional, egoísta. Que direito tenho eu de te pedir que mantenhamos esta promessa? Que já nem sabes se queres. Egoísta. Mas agora só me apetece perder-me no teu abraço e adormecer no teu calor, sem dizer nem mais uma palavra.
A maior das verdades é que, apesar de tudo, quando penso em nós vejo que tudo em ti é, e continua a ser, perfeito para mim. Quand il me prend dans ses bras il me parle tout bas, je vois la vie en rose. Tudo feito à minha medida e da maneira que mais feliz me faz. Este meu defeito, de não conseguir aceitar algo tão simples, há de passar. Até Junho sobra-me tempo.


Saturday, March 10, 2007

I'll Stop The World And Melt With You

Sabes amor, contigo tudo o que já não acreditava que me fosse possível acontece. Eu que pensava que já não dava o coração a mais ninguém, não fosse ele se partir outra vez. E quando dei por mim já to tinha oferecido, todo, embrulhado numa fita de cetim amarela. E não, tu não o partiste. Mais que me ofereceste o teu, que o guardei com cuidado numa gaveta da minha alma. Eu que pensava que nunca seria assim, tão feliz. Mas chegaste tu e com o teu riso e a tua maneira de ser encheste-me de cor, por dentro. Nunca achei que a vida poderia ser como um filme. Contigo, quase que juro que realmente o é. Europeu, com um bom argumento e boa banda sonora. Que quando nos juntamos a ouvir Yann Tiersen, o super Yann como disseste tu ontem, tudo parece perfeito. Tu és aquela pessoa que eu sempre quis, sem sequer o saber, aquela de quem eu precisava. E tudo o que eu alguma vez escrevi, com mente num passado irreal ou num futuro ilusório, torna-se verdade contigo. É teu o casaco que abraço, quando vou para devolvê-lo, é tua a mão que aquece a minha, tantas vezes sem saber, é contigo que me deito a ver um bom filme, é contigo que fujo para qualquer um jardim, desde que tenha relva, só para me deixar adormecer a teu lado. Eu, que queria não amar para não cair, apaixonei-me assim, e não me arrependo. Porque sei que se cair, apanhas-me tu.
Tu, que chegaste devagarinho e sem se dar conta tornaste-te tão importante. Que fizeste com que memorias antigas se tornassem finalmente o que são, memorias antigas, gastas, sem grande valor. Que me fizeste capaz de recordar, sorrindo, e ainda assim deixar a minha vida seguir, contigo a meu lado. Tu, e só tu, que fizeste com que eu quisesse perder aquele gramofone antigo que ainda me prendia a algo que já tinha acabado há muito.
E sabes amor? Obrigada. Por estes meses que se passaram e por outros, que ainda hão de vir.

Saturday, March 03, 2007

07-03-2007

Plano (original) para Quarta-feira, dia 7 de Março:
  • Acordar às 8:00
  • Sair de casa às 10:00, directa para o aeroporto
  • Check-in pouco demorado devido à ausência de malas
  • Embarque no voo das 11:45 com destino a Lisboa
  • Viagem agradavelmente passada a ler os Maias
  • Desembarque na capital pelas 13:25
  • Taxi para a Baixa, almoço num restaurante qualquer
  • Tarde passeando pela cidade, dividida entre cafezinhos e o apelo consumista
  • Metro para a Aula Magna
  • Momento de ansiedade antes do esperado concerto
  • 21:00, concerto de Yann Tiersen
  • Taxi para a Pousada de Juventude
  • Noite bem dormida numa cama mal-feita
  • Acordar às 6:30
  • Pequeno-almoço na padaria/pastelaria que há lá perto
  • Taxi para o aeroporto
  • Check-in igualmente rapido
  • Viagem a dormir de regresso à ilha
Era bom, não era? Talvez isto seja uma atitude um pouco masoquista. Quem sabe?

Monday, February 12, 2007

Devo confessar que nunca gostei de ninguém como gosto de ti. Que tu me fazes feliz. Que me fazes sentir em casa, confortavel contigo. Que me habituaste mal, que já não gosto de estar muito tempo sem ti. Devo dizer que tive muita sorte, que pessoas como tu não há em todos os lados. Que fico muito, muito feliz por ter encontrado um Andrezinho só para mim.

Sunday, January 21, 2007

Estas tardes de Domigo fazem-me mal. E eu sei que tudo está bem. Sei que a banda sonora é perfeita. Sei que tenho as melhores pessoas que poderia ter a meu lado. Mas só quem alguma coisa tem realmente algo a perder. Hoje, que a luz é fria e as letras parecem não saber expressar o que sinto, tenho um terrivel medo de perder tudo. Hoje, que está frio lá fora, preciso de um abraço e que me façam ver que ninguém substitui ninguém e que um coração é grande o suficiente para caberem duas, três, quantas pessoas houverem. Nestes Domingos de tarde tenho sempre a sensação de que devia ser mais, devia ser melhor, devia estar lá para toda a gente ao mesmo tempo. E não sou, nem mais nem melhor, e não, nunca estou lá quando devia. E hoje, que pouco mais posso fazer, faço um chá e embrulho-me numa manta, fingindo que me interessa a filosofia. Para não pensar mais, que quem não sabe não teme.

Friday, January 19, 2007

Ode às pessoas importantes

Às que sempre estiveram lá, desde sempre. Às que chegaram depois. Às que se esqueceram de bater à porta, para entrar, e sairam sem avisar. Às que se tornam mais e mais importantes. Às das tardes de café descontraidas. Às que só se tornaram importantes tarde demais, depois de nada poder ser reciproco. Às importantes sem saber. Às sem saber. Às que só estiveram cá 15 minutos. Às dos sorrisos inocentes. Dos indecentes. Às que não vão ser esquecidas. Às de quem não me lembro. Às vozes francesas que me alegram e aos artistas que me inspiram. Às que foram demasiado importantes demasiado tempo. Às que entratam e saíram do meu coração sem eu notar. Às que eu nunca disse o quão importates são. Aos estranhos do metro e ao senhor do acordeão. Às dos pequenos prazeres. Às que foram. Às que são. Às que virão a ser, eventualmente.

Monday, January 01, 2007

Make belive

Ninguém sabe quanto cabe em tanto, só se sabe que é muito. Cabe em tanto o quanto nós quisermos. Cabe como daqui ao sol três vezes e cabe mais, se quisermos. Cabe como daqui àquela estrela que de tão longe que está já morreu e ainda não sabemos. E cabe mais, se quisermos. Se tanto fôr um quantificador é o melhor que temos. Cabe tudo em tanto. E eu gosto de ti tanto assim.