Tuesday, August 29, 2006

PS.: Odeio-te

Não por seres tu, com a tua simpatica ou antipatia ou apatia, sei lá. Não por não me teres dado as certezas que precisei ou por teres imposto uma distância insuperável. Mas porque eu, um dia, pensei que me tinha apaixonado por ti. E porque, quando finalmente pensei que estava melhor da doença que é oferecer o coração a alguém que não o quer, apareceste-me num sonho, culpa minha, e eras tão tu que nem duvidei que estivesse a sonhar. E tocaste-me nos ombros, e agarraste-me a mão. Aqueceste-me a mão sem saber e ainda sorriste. Só te odeio porque quando acordei a minha mão ainda estava quente. E eu não quis abrir mão do teu calor.

Monday, August 28, 2006

Imensas desculpas amor

É que eu só tenho um coração. E não há maneira de o substituir, ou reparar.
Então desculpa, não to posso oferecer.

Sunday, August 27, 2006

Formato: Amelie Poulain

Versão: portuguesa

Aprecia: A lua quando parece o sorriso do gato da Alice no País das Maravilhas; ir para o telhado ver o céu; estar com alguém em silencio e sentir-se bem assim; gomas de ursinho; viajar três horas para não chegar a lado nenhum no final; fins de semana a preguiçar; sentir-se inspirada; conversas estúpidas; beijos junto ao olho mas não no olho; bom cinema; mão oferecida a alguém; o cheiro do bolo de àgua no forno; abraço em grupo aos amores da minha vida; cantar baixinho nos autocarros; capuccino bem tirado num café escondido; um Amo-te bem dito.

Não aprecia: Sentir-se mal por não saber o que dizer; o facto de o oceano fazer da Madeira uma ilha; fotograficas inocentemente desfocadas; acordar cedo para algo que não gosta; a voz das senhoras do supermercado; internet com interrupções; que me olhem de lado por estar a fazer sala num café; saudades; não saber de alguém de quem gosta; jardins demasiado arranjados; jantares de gala; arrumações; relva molhada ao tocar na pele; falta de atitude; gente com necessidade constante de atrair atenções; presentes por obrigação.

Nota: Quero um Nino Quincampoix para mim.

Saturday, August 26, 2006

i love the sound of you walking away

Amor, era meu medo que lesses e não percebesses o que queria dizer com todas aquelas palavras emplumadas e inuteis. Mas o medo passou. Tu nunca lês aquilo que eu escrevo para mim, sobre ti quase sempre. Nunca leste. Amor, as minhas palavras e as frases foram gastas para ti, não por ti. É pena, que eu oferecia-te todas. Se soubesse sequer onde andas fazia uma compilação, manuscrita, de tudo o que já escrevi e entregava em mão, com certeza que não se perdia no caminho. Gostava de te olhar nos olhos depois de leres, de saber se alguma coisa mudava em ti. Ao menos ouvir-te dizer que nada daquilo tinha sido real, que era só uma hipérbole minha, com a mania dos romantismos. Ver-te virar as costas e ir embora com a compilação, encadernada a veludo vermelho, debaixo do braço como quem leva um album que não é seu. E quiçá eu pudesse também virar as minhas costas e ir embora, sem cair na tentação de olhar para trás.

Nunca nada soube tão bem como acordar

Esta noite sonhei que me tinha cruzado contigo na rua. Pararam-me os pulmões. Apertou-se-me a garganta. Disseste qualquer coisa. E eu demasiado ocupada a sentir para me lembrar de pensar. Não respondi. E eu que pensava que já não te amava. Tu acenaste com a cabeça e foste embora. Eu voltei a respirar. E continuei a andar na rua. Depois virei a esquina e acordei.

Pergunto-me, o que aconteceria se eu te encontrasse em carne em osso, olhares e sorrisos?

Thursday, August 24, 2006

Nada vai mudar

Às vezes somos tão parecidos que penso que podiamos ser felizes para sempre. Mas ia ser sempre o mesmo, não ia? Eu tapava o buraquinho do teu ego e tu, o do meu. E ficavamos sem tempo nos enchermos um do outro. É pena. Ia ser tão bom.

Até vinte

Vou fechar os olhos ao coração. Conto até dez, chega? Melhor vinte. E tu corres a te esconder. Depois eu encontro-te e faço como se fosse a primeira vez. Tu vais dizer olá, com aquele teu ar, e perguntas se me podes segurar a mão. Eu vou dizer que sim, e tremo de emoção falsa. Tu levas-me a todos aqueles lugares bonitos que imaginas. Eu faço uma força no coração e apaixono-me. Tu dás-me um beijo junto à orelha, mas não na orelha. E dizes que me amas, baixinho. Eu respondo que também e cai-me o mundo aos pés. Mas um dia hei de me apaixonar a serio por ti. Só porque disseste, baixinho,ao ouvido, que me amavas.

Wednesday, August 23, 2006

De repente pareceu tudo mais claro

Sem os efeitos secundários da poesia tudo parece mais claro. Eu e tu e o nós que não houve. O romantismo que lá não estava. E o amor que, afinal, nem havia.
És a minha memória favorita. E hoje já não és mais nada. Esta noite, ainda me vou deitar e sonhar com os momentos que vivi onde tu foste figurante. E amanhã também. E talvez depois. Até que a memória fique gasta e eu já não saiba o teu sorriso. Até que os olhos se turvem e já não veja as tuas mãos. E aí, à falta de melhor, vou arranjar outra memória e nunca mais vou usa-la até ao fim.

Fechei o coração para remodelações e tu pareces-me menos.